sábado, 21 de agosto de 2010

Aula 14: Psicomotricidade Relacional 2

O objetivo da Psicomotricidade Relacional de Lapierre é recuperar a história corporal afetiva do indivíduo. Ele dizia que os sintomas psicomotores vinham das relações tônico-afetivas das experiências primárias. Essas experiências, encontros físicos carregados de emoção com os pais ou cuidadores, influenciam a individuação e socialização. A história pessoal fica perpetuada em nossas contrações tônicas que torna-se crônica e involuntária.

Por meio do jogo espontâneo o psicomotetrista relacional faz a decodificação simbólica e flexibiliza o padrão tônico-relacional, possibilitando a expressão de desejos e necessidades e refaz a relação com seus pares.

Os encontros corporais afetivos inclui também os educadores. O educador guarda em sua natureza uma disponibilidade inerente para estabelecer vínculos afetivos. Grande parte desse potencial torna-se "lixo relacional", pois não da pra agir conscientemente nos conteúdos não-verbais por causa da dinâmica acelerada da rotina escolar e pelo não reconhecimento da importância tônico-afetiva.

Aula 13: Psicomotricidade Relacional

O espaço relacional é o momento em que o cachorro percebeu a presença da pessoa e demonstrou ansiedade em seu tônus (erguer orelhas, corpo tensionado)

Quando a pessoa se aproximou muito do animal entrou em seu espaço vital, área de sobrevivência, avançar esse espaço sem uma prévia construção de confiança básica é como atacar o animal.

A demarcação do perímetro é variável. Com seu dono o espaço relacional chega ao contato físico com o cachorro, com um desconhecido qualquer aproximação é uma ameaça.

Assim o psicomotrista relacional como facilitador ao entrar no espaço vital que tem ansiedade persecutória deve ter clareza na comunicação, expressão espontânea, personalizar as relações, respeitar a distancia inicial imposta pela criança, enfatizar as potencialidades da criança e diminuir essa dsitancia inicial com modulação tônica adequada.

Já no espaço relacional, que tem ansiedade depressiva, o psicomotrista deve auxiliar a elaboração do luto, ajudar na percepção de si, evitar sentimentos extremos, ajudar a criança a responsabilizar-se pelos seus atos e lhe dar formas de reparar.

A intenção do psicomotrista relacional é auxiliar o sujeito a detectar suas dificuldades psicoafetivas, conquista da autonomia com vistas a socialização. Para cumprir esse papel deve mostrar-se receptivo, e o psicomotrista deve estar bem e saber seus limites vital e relacional. Ele precisa de conhecimento teórico e pessoal. Há uma humanização da relação. As intervenções devem ser feitas de forma singular e acolher a criança.

Aula 12: Corpo Significante 4

Instinto
Inato, prepara o sistema nervoso para condutas que levam ao ato consumatório que satisfazem o instinto.

Pulsão
Motivação inata no ser humano.

Fantasia inconsciente
Representação mental da significação individual, ligada a corpo e emoção, de experiências conflitivas (primárias).
- conteúdo primário
- corporalidade
- representações mentais de pulsão de apego e agressividade
- elaboram-se mediante experiência com realidade externa
- não precisa de ícones ou palavras
- seus elementos são percepções e sensações
- tem efeito mental, corporal e de conduta (somatização)
- exerce influencia continua durante toda a vida.

Fantasia básica de confiança
Relação primária com cuidadores que foi acolhedora

Fantasia básica de desconfiança
Relação com os cuidantes da primeira infância negativa.
- função parental
- função de peito
- função de toilette
- função de consonância emocional
- capacidade de conteção

Vínculo afetivo
Significado de um conjunto de significantes

Unidade originária
Estado relacional primitivo, onde pai, mãe e criança é uma unidade.

Ansiedade (Freud)
Líbido insatisfeita que não pode descarregar-se adequadamente e transforma-se em emoção desagradável. É uma defesa do ego.

Ansiedade (Abordagem Relacional)
Sinal psicofísico que avisa um rompimento do vínculo.

Ansiedade confusional
Ameaça de desintegração, simbiose e ambigüidade, diferenciação e indiferenciação.

Ansiedade persecutória
Ameaça de desintegração ou agressão por ataque externo ou projeção da própria agressividade.

Ansiedade depressiva
Ameaça de desintegração causada pela perda do objeto, ligado a preocupações com o objeto.

Aula 11: Corpo Significante 3

Interacionismo
Transforma o objeto e transformar-se atuando sobre o objeto.
Sujeito epistêmico.

Inter-relacionismo
Dois sujeitos em mútua relação.
Sujeito afetivo-relacional

Objeto: toda pessoa ou coisa

Relação objetal
Relação mantida com objetos externos a nós mesmos e também com nossas representações mentais dos objetos.

Objeto externo
Coisas externas que geram nossa conduta e representação mental.
Sua ação esta mediatizada pelo processamento interno de cada individuo.

Objeto interno: representação mental do objeto externo.

Aula 10: Corpo Significante 2

1974 – influência expressionista


Concepção de corpo: emissor de informações.
Modelo: semiomotor e psicoafetivo.
Teorias: Psicanálise, Psicologia das comunicações não-verbais e Etologia infantil.
Contribuições da psicanálise:
Freud: representação mental, consciência, inconsciente e pré consciente.
Reichi: história socioafetiva incrusta-se no estado tônico do sujeito

Contribuições da psicologia das comunicações não-verbais:
Parlebas – 1967 – Sociomotriciade (espaço sócio motor)
Renaud – 1968 – Expressão corporal como lugar de libertação e superação.
Bernard – 1970 – visão filogenética, ontogenetica e fenomenológica da expressão corporal
Corraze – 1973 – esquema corporal, comunicação não-verbal e problemas psicomotores

Aula 9: Corpo Significante

Com a abertura política e pressões sociais a favor dos direitos humanos, as técnicas corporais que inibiam o movimento e dominavam o corpo perderam sua força.

A partir de 1980 no Brasil e Argentina, além de um corpo que ouve e aprende, ele também fala e se expressa. Essa idéia é baseada nos princípios da psicanálise, psicologia das comunicações não verbais e da etologia infantil (mensagens humanas se dá pelas mímicas).

Os psicomotristas da terceira geração acreditavam que abolindo o autoritarismo e formalismo (função paterna – lei e ordem) podia-se superar as dificuldades na área da psicometria.

Lapierre fundou a psicomotricidade relacional. Ele acreditava que toda reeducação gera insegurança e resistência, por isso, é preciso ter uma qualidade na relação (criança - psicometrista), com afeto. Ele deixou de dar tanta ênfase ao aparato técnico e priorizou as relações humanas.

Era preciso ver o que há de positivo na criança, o que ela já sabe fazer e não o que ela ainda não faz (seu déficit). Neste ponto abandona-se o modelo médico e não há mais reeducação, e sim educação que é desenvolver as potencialidades da criança.

Apesar de influenciado pela ciência positiva, Lapierre quebra com o modelo médico e higienista, e parecido com a escola nova ele recupera para a criança um lugar de reconhecimento e poder.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Aula 8: O corpo consciente 2

Período: 1945 a 1973

Organizador: impressionismo

Modelo: cognitivista comportamentalista

Concepção de corpo: receptor

Bases teóricas: fenomenologia, psicanálise e psicologia infantil e do desenvolvimento.

Fenomenologia:- Fenomenologia: esquema corporal (modelo neurológico de Head e psicanalítico de Freud) todas as nossas experiências, Schilder.
- Fenomenologica da conduta: nossos atos (perceber) são modalidades de ser no mundo. O corpo é um veiculo. Ponty.
- Funcional do movimento: como agarramos alguma coisa é mais que o movimento é definida pelo objetivo e resultado. Buytendjik.

Psicologia infantil ou do desenvolvimento
- Biomaturacional: corrente comportamental, ontogênese – Gesell (espiral)
- Inteligência das situações: corrente cognitivista, sensório motor a origem da inteligência – Piaget.
- Relação tônico-emocional: corrente sócio-interacionista, diálogo entre corpo e meio, Wallon.

Aula 7: O corpo consciente

Se no primeiro momento do corpo hábil, havia muita influencia da neurologia, agora há mais da psicologia. Adotado a partir dos anos 50 com relação entre inteligência, motricidade e psiquismo que influenciou abordagem corporal nas creches, escolas e consultórios. Passou-se do movimento condicionado ao movimento consciente. Segundo Le Camus, é ciência do esquema corporal ou corpo consciente. Percepção e controle do próprio corpo. Os estudiosos que influenciaram foram Wallon e Piaget.

Wallon coloca o diálogo tônico (relação corporal afetiva) no centro do desenvolvimento do caráter e da inteligência. A emoção é ligação entre o orgânico e o social. A criança já nasce como ser social, assim as relações com seus pares que a desenvolve. A função postural é a exteriorização da afetividade. O desenvolvimento para Wallon é descontínuo, tem um processo de superação. O orgânico e o psíquico não são funções isoladas, mas tem sua evolução uniforme, feita de oposições e identificações (dialética).

Para Wallon o sujeito é antes de tudo um ser social, para Piaget ele é um ser biológico. É uma espécie de organismo rudimentar que por meio da experiência, desenvolve-se rumo a socialização. Para Piaget o bebê vem ao mundo com reflexos rudimentares (herança genética) e vai se desenvolvendo. O desenvolvimento é um processo de equilibração progressiva.

4 fatores fundamentais no processo de desenvolvimento (Piaget): maturação ou crescimento fisiológico das estruturas orgânicas hereditárias; experiências física e empírica, pelas quais a criança vai fazer suas próprias aprendizagens; transmissão social referente às informações aprendidas com seus pares, por via direta ou indireta; equilibração que coordena e regula os outros três fatores, fazendo surgir estados progressivos de equilíbrio.

Esquema corporal pra Piaget é o conhecimento progressivo das partes e funções do corpo comuns a crianças de mesma idade.

Para Wallon o sujeito toma consciência de si a partir das relações sociais. Para Piaget a consciência é dada por uma auto-equilibração comum a todos os seres vivos (biológico).

Nesta época surgem diversos manuais de psicomotricidade para o desenvolvimento do esquema corporal. Os fundamentos piagetianos vieram para educar os movimentos e legitimar a capacidade universal de adaptação dos seres humanos. Os fundamentos de Wallon (tono postural e tono emocional) caráter científico ao comportamento.

O movimento em si não é educativo, para que o exercício possa intervir na vida psíquica e contribuir para o desenvolvimento, é necessário que seja voluntário, pensado, preciso e controlado. Teve programas em creches e pré-escolas para precocemente disciplinar contrações musculares educará a vontade e a atenção.

Segundo Marx para a classe dominante ficar no poder era preciso ter suas idéias universais. Assim havia a apropriação do próprio corpo da classe operaria. Assim não há desigualdade social, mas incompetência para não aproveitar as oportunidades iguais a todos. O Estado passa então a criar programas compensatórios para remediar a desigualdade social que acabam sendo instrumentos de controle. A psicomotricidade é o saber-poder que viabiliza essa idéia. Com isto produz um duplo controle social: exacerba a apropriação da força de trabalho que pela via de consciência do movimento torna-se ainda mais efetiva e ao mesmo tempo promove o reconhecimento e engajamento voluntários das famílias e profissionais em programas sociais compensatórios, como solução para suas necessidades de manutenção da vida.

Aula 6: Corpo hábil 2

Período: final séc. XIX até 1940

Organizador: paralelismo

Modelo: Mecanicista, dualismo cartesiano (mente-corpo)

Concepção do corpo: receptáculo da tradição.

Bases teóricas: neurologia.
- Anatomofisiológica estática (ligação entre pensamento e movimento) Ling e Tissié
- Corticopatológica (não é mais estático) Liepmann
- Neurofisiológica (todo movimento tem um significado biológico) Jasckson e Sherrington
- Síndrome da debilidade motora (patológico congênito hereditário) Wallon
- Independência entre debilidade motora e mental - Dupré
- Exame psicomotor – Guilmain
- Reeducação psicomotora (médico pedagógica) – Guilmain

Aula 5: Corpo hábil

O estudo da psicomotricidade começou em XVII-XVIII onde técnicas corporais estudavam o investimento político e econômico do corpo. No séc. XIX passou a ser ciências médicas (não mais ciências humanas) com descobertas da neurologia, onde o córtex cerebral tinha áreas propriamente motoras. As experiências de Broca mostrou ligação entre uma lesão cerebral e uma afasia.

Estudos sobre a psicomotricidade respondiam diretamente às necessidades da modernidade capitalista. Adequar os movimentos dos trabalhadores à industrialização. Para isso era preciso haver treinamento da classe trabalhadora e cada vez mais precoce (idade). A educação escolar ocupou espaço de controle e adequação do corpo aos ditames do trabalho. A infância era vista como superfície chata e plana, facilmente moldável, mas também com vícios latentes que precisavam ser corrigidos.

O poder médico também defendeu a higienização para transformar os hábitos cotidianos do trabalhador, vendo as antigas crenças como primitivas e nocivas. A infância teve um olhar disciplinar e todas as práticas voltadas para ela. Os médicos orientavam as famílias e eram autoridades para prescrever normas racionais de conduta e medidas preventivas.

Nesta época as práticas corporais ficaram sob a égide da disciplina Ed. Física. A Ed. Física não é apenas exercício muscular, mas todas as associações entre pensamento e movimento. Surge então uma prática chamada ginástica educativa e depois dividiu-se em ginástica pedagógica e ginástica médica (voltada a reabilitação de crianças com necessidades especiais).

A cientificização do corpo teve aplicabilidade maior nos anos 30. Na primeira infância as intervenções se concentravam nos cuidados ideais que a maternidade deveria suprir (alimentação, higiene...) e na segunda infância e adolescência as intervenções concentravam-se em exercício físico para ordem e progresso, mente sã, corpo são.

A principal dificuldade das fábricas automáticas era fazer os humanos renunciarem de suas irregularidades para ter regularidade dos movimentos da Disciplina fabril. O êxito não foi total. O capital jamais conseguiu controlar totalmente a força de trabalho humano. Mas levando sempre em consideração a produção, além de recuperar anormais, era preciso criar artifícios compensatórios para suprir a precariedade das condições para dar continuidade ao sistema produtivo.

Aula 4: Psicomotricidade e suas categorias

Esquema corporal: específica o indivíduo como representante da espécie. É a realidade de fato, idêntico em todas as crianças da mesma idade. É o conhecimento das partes e funções do corpo. Traz ao indivíduo noções de globalidade de si, equilíbrio postural, lateralidade, etc. Conhecimentos sobre o esquema corporal traz a economia dos movimentos (capitalismo, extração do lucro).

Imagem corporal: tem a ver com sensações de prazer e desprazer. É a imagem inconsciente do corpo que não é uma imagem fantasiada, mas as zonas erógenas, por onde a criança se relaciona. É relacional e inconsciente.

Estado tônico: é uma forma de relação com o meio que depende de cada situação e de cada indivíduo. Está ligada a história biológica do indivíduo, a fatores hereditários e de maturação. A função tônica está ligada a totalidade da personalidade do indivíduo. A esfera psíquica, quando não suporta os conflitos o projeta para o motor. Psicossomática. A função tônica está ligada a todas as manifestações de ordem afetiva, emotiva, cognitiva e motora.

Hipotonia: está relacionada à satisfação das necessidades em imaturidade corporal. Os hipotônicos são hiperextensos, mais avançados na preensão e na exploração do próprio corpo. Tem movimentos mais soltos e leves o que causa menor desgaste muscular e comportamento estável. Tem maior receptividade o que garante amor sem censura, são mais calmas e sossegadas. São mais tímidas, mais afetivas e mais dependentes.

Hipertonia: defesa comum a ansiedade preparando para luta. Os hipertônicos são hipoextensos mais precoces na aquisição da marcha e mais ativos. Tem uma exagerada produção motora que pode traduzir carência afetiva pode ter obliterações afetivas. São mais raivosas e menos fixadas nos pais.

Síndromes de debilidade motora: sincinesias (incapacidade de individualização motora, manda fazer um movimento com uma mão e faz com outra – imitação contralateral) e paratonias (incapacidade de descontração voluntária).

Aula 3: Psicomotricidade em discussão

Dividindo a palavra psicomotricidade temos:

Psico = aspectos biomaturacionais – aspectos cognitivos – aspectos afetivos

Motricidade = movimento – ação corporal

A sociedade brasileira de psicomotricidade (SBP) fundada em 80 define a psicomotricidade como “uma ciência que tem como objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo.”

Áreas de atuação:

- Estimulação psicomotora: processo para o desenvolvimento harmonioso da criança nos primeiros anos de vida. Despertar o corpo por meio de movimentos e jogos. Desabrochar do movimento.

- Educação psicomotora: abrange toda a aprendizagem da criança, facilita condições naturais e previne distúrbios corporais, se realiza na escola, na família, nos meios sociais, esportes (judô, natação...) dirige-se a crianças em condições de freqüentar a escola sem problemas maiores. Na escola, na primeira infância, toda educação é psicomotora. Na segunda infância ela ainda é o centro, mas diferencia com expressão, lógica, etc., mas a educação psicomotora mantém relação com todas as atividades. A educação psicomotora é uma ação psicopedagógica que utiliza os meios de educação física com a finalidade de normalizar ou melhorar o comportamento do indivíduo.
- Reeducação psicomotora: é para quem tem distúrbio psicomotor. É educar um indivíduo que não assimilou adequadamente em etapas anteriores. Está contida em varias áreas profissional: pedagogia, Ed. Física, fonoaudiologia, fisioterapia, Terapia educacional, psicologia, arte-educadores, educadores, médicos, etc.

- Terapia psicomotora: desorganização total da harmonia corporal e pessoal. Crianças com agressividade acentuada, pulsões motoras incontroladas, excepcionalidade, transtornos de personalidade.